O que é Pietismo?



A origem da palavra é latina, “pius” = “aquele que cumpre seus deveres”, mas é usada para se referir a uma “reverência especial a Deus”, sinônimo de “devoção”.

A ênfase do pietismo está sobre as experiências religiosas, incluindo o misticismo.


Entre os séculos III e XV houve uma migração lenta de muitos cristãos para os desertos e lugares solitários da Palestina, Síria e Egito com a intenção de não fazer parte da secularização do cristianismo desde sua constantinização.  Alguns optaram em formar comunidades fechadas e outros tornaram-se ermitões. O monasticismo caracterizou esse período e o pietismo certamente tem suas raízes aí.



Historicamente, o pietismo como um movimento organizado teve inicio entre os luteranos da Alemanha, no final do século 17, principalmente com Philip Jakob Spener. Onde surgiu uma ênfase sobre a conversão pessoal, a santificação (perfeccionismo) e experiência religiosa.


John Wesley pode ser classificado como pietista (influenciado pelo pietismo alemão). O metodismo de Wesley era caracterizado por desprezo aos credos e confissões; uma ênfase a retidão pessoal; a necessidade de renunciar o mundo (semi-monástico); a fraternidade universal dos crentes e uma grande dose de emocionalismo religioso.


Podemos enxergar hoje um certo pietismo em alguns pentecostais e em alguns puritanos, por que não?


Alguns descendentes religiosos históricos do pietismo:


Metodismo, os menonitas, os dunkers (batistas alemães) e os moravianos.


O lado negativo do pietismo:


A vida religiosa torna-se um teatro, as pessoas transformam-se em atores, procurando ser uma mais piedosa do que as outras. Uma religiosidade entusiasmada de experiências religiosas; uma religiosidade onde o emocional supera a iluminação racional; fanatismo; ascetismo não bíblico; isolamento de outros cristãos e antintelectualismo.
Reverência, temor, santificação, são coisas boas na vida cristã, mas quando parte algum tipo de fanatismo é gerado o pietismo. Que é irmão do legalismo e ascetismo não bíblico.
Como identificar:


Quando alguém se apresenta com um ar de superioridade espiritual, gente que apresenta suas realizações como se fossem superiores àquilo que realmente são; pessoas que se exibem como se fossem melhores que realmente são. -- Esse conhecimento deve nos manter humildes pois de uma forma ou de outra, todos nós somos hipócritas.
Rushdoony em seu livro O Plano de Deus Para a Vitória, quando se refere ao pietismo diz:
“O pietismo produziu uma vida intelectual e vocacionalmente superficial. A prova da fé tornou-se uma experiência emocional, e, não surpreendente, as mulheres começaram a predominar nos círculos católicos e protestantes. A religião tornou-se um assunto de mulher, e os homens estavam cheios de pietismo e com pouca masculinidade.”
”O pietismo exaltou as pessoas medíocres e piedosas, que reduziam a fé a uma pura efusão de piedade e, por quase dois séculos, tem endemoniado o clero devoto com seus modos santarrões e pecaminosos. As pessoas medíocres evitam os pecados abertos, não porque amam e temem a Deus, mas porque são almas tímidas, que amam e temem as pessoas, e não ousam ofendê-las. Em suas mãos, a virtude deixou de estar associada com domínio e fortaleza, e passou a estar associada com fraqueza e medo.”


“Os reformadores eram homens do mundo: Lutero, um professor antes de tudo; Calvino, um advogado-teólogo chamado para reformar Genebra pelo concílio da cidade. A Reforma significa proclamar o poder salvador de Cristo e aplicar toda a Palavra de Deus a cada área da vida. Qualquer coisa aquém disso não é o evangelho.”


[O monasticismo é fruto do pietismo] “Os protestantes há muito têm criticado a idéia do monasticismo, mas, sob a influência dessas duas visões milenaristas [pré-milenismo e amilenismo], têm tornado toda a igreja num retiro do mundo, com exceção apenas do celibato sacerdotal. Os homens são convocados a abandonar o mundo e procurar refúgio na igreja. Nada é dito sobre estabelecer o reinado e governo de Deus em cada área da vida, pensamento e ação.”

O pietismo é um tipo de reação negativa à ortodoxia fria. O pietista torna-se um orgulhoso espiritual por causa das experiências.


Para entender melhor sobre a verdadeira experiência cristã (equilibrada) e não cair no pietismo é bom ler Jonathan Edwards sobre experiências religiosas, em seu livro: A Genuína Experiência Espiritual, editora PES. Vale a pena ler!


Edwards teve que lutar em duas frentes neste livro citado. Por um lado, tinha que argumentar contra aqueles que descartavam todo o avivamento como histeria irracional (ortodoxos frios); por outro, tinha que argumentar contra aqueles que pareciam pensar que tudo o que aconteceu no avivamento era "de Deus", não importa quão estranho, extremista ou desequilibrado isso fosse (pietistas).


Gosto muito do artigo do prof. Alderi de Souza Matos, Jonathan Edwards:
Teólogo do Coração e do Intelecto. -- http://www.thirdmill.org/files/portuguese/84643~9_18_01_4-19-04_PM~jonathan_edwards.htm
Diz Alderi:


“Como um homem culto e inquiridor, alguém que levava a sério as realidades e desafios do seu tempo, Edwards propôs-se, em sua reflexão e em sua prática, a defrontar-se com esse duplo ataque experimentado pela fé reformada. Ele envidou esforços não somente no sentido de que a vida e a espiritualidade da igreja resgatassem o que havia de positivo na experiência e contribuição dos puritanos, mas ao mesmo tempo procurou fazê-lo de maneira intelectualmente defensável, buscando demonstrar que não havia qualquer conflito intransponível entre fé e razão.”


“Jonathan Edwards foi inteiramente contrário à separação entre "coração" e "cabeça" que tantas vezes tem afetado os evangélicos.”


“Edwards não esconde a sua apreciação por uma espiritualidade fervorosa e intensa. Ele é de fato o teólogo do avivamento, da experiência, do coração. Mas isso não significa que a experiência seja o critério da verdade. Significa apenas que o cristianismo tem de ser experimental e prático, não apenas racional e cognitivo. A norma suprema de fé e o critério pelo qual se deve aquilatar toda e qualquer experiência religiosa é sempre a Escritura.”
Edwards é o equilíbrio que os reformados precisam. Ele ensina a verdadeira piedade e não o pietismo. Por que não dizer, uma “ortodoxia quente”.

"Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos."
(2 Timóteo 3:12) -- Piedade equilibrada! Nao Pietismo!






Fonte: Raniere Menezes - Retirado do forum do site: www.monergismo.com   -  http://monergismo.com/forum/

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